quarta-feira, 16 de março de 2016

A Mumificação

A mumificação no Egito Antigo
Por mais de 3 mil anos, cadáveres foram dissecados, desidratados e enfaixados

A expressão "a terra há de comer" não faria sentido para as pessoas com dinheiro no Egito Antigo. Lá, acreditava-se no ka, uma força que continuava após a morte - desde que o corpo fosse bem conservado. Para isso, usava-se uma técnica inspirada no deserto. Após observar que a areia quente e o ar seco preservavam os mortos, os egípcios criaram um método de dissecação e mumificação acompanhado de um ritual religioso.
As primeiras múmias conhecidas são de 3000 a.C. Privilégio dos monarcas, 800 anos depois é que o processo se estendeu a qualquer um que pudesse pagar. Nem só humanos eram mumificados. Cães foram encontrados em El Faiyum, um oásis a 80km do Cairo. "Era uma forma de homenagear animais de estimação", explica o historiador Júlio Gralha, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
As últimas múmias são do séc. IV d.C. A influência romana e o avanço do cristianismo podem ter encerrado a prática.
  • Rumo ao sarcófagoO processo tinha cinco passos e demorava até 70 dias.
  1. Limpeza geralO corpo era levado para tendas ao ar livre, em um lugar chamado Ibu (local de purificação), na margem Oeste do rio Nilo, onde ficavam os cemitérios. Ali, era entregue aos sacerdotes. Em uma mesa inclinada para coletar fluídos, era lavado com vinho de palma e água do rio.
  2. Adeus, víscerasO sacerdote Ut removia os órgãos por um corte do lado esquerdo do abdômen. Só sobrava o coração. Pulmões, intestinos, estômago e fígado iam para recipientes especiais. O resto era jogado no rio Nilo - incluindo o cérebro, que era retirado pelas narinas.
  3. GuardiõesOs órgãos mais importantes eram armazenados em vasos. Eles representavam os quatro filhos de Hórus, deus dos céus: Duamutef (cachorro) cuidava do estômago; Qebehsenuf (falcão), dos intestinos; Hapi (babuíno), dos pulmões; Amset (humano), do fígado.
  4. Sal até as entranhasCom o cadáver livre das vísceras, começava o processo de desidratação, feito com natrão, um tipo de sal mineral muito comum na região. O corpo era preenchido e envolvido com esse sal e permanecia assim por 40 dias.
  5. Recheio secoApós a desidratação, havia nova lavagem com água do rio Nilo e aplicação de substâncias aromáticas e óleos para aumentar a elasticidade da pele. Para não ficar deformado, o corpo era recheado com serragem e plantas secas. Só então recebia 20 camadas de tiras de linho engomado.
  • Proteção no além- Os corpos eram enfaixados junto com diversos amuletos;
    - O Olho de Wadjet era colocado na testa, garantindo apoio e proteção para a cabeça;
    - O escaravelho impedia que o coração de separasse do corpo;
    - O Nó de Ísis era colocado na peito, pedindo proteção a deusa Ísis;
    - O Ankh ajudava a superar os obstáculos da outra vida.

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