segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A Deusa Perséfone

Para desenvolver um estudo mais detalhado sobre a mitologia e Perséfone, uma dica é o livro chamado “As Deusas e A Mulher” de Jean S. Bolen, ele aborda bastante as deusas, seus arquétipos e sua relação com a mulher ou o homem no mundo material. Uma boa maneira de se relacionar com o mundo espiritual é entendendo sua relação com o mundo material e esse livro nos traz essa reflexão e entendimento. A partir deste livro é possível entender quais são as marcas da personalidade de Perséfone no nosso cotidiano, como podemos observar algumas de suas características em nós e em outras pessoas.

Perséfone não pode devolver vida aos mortais que já se foram. Partilho meu reino com minha filha, então ela tem domínio sobre todas as coisas que se desenvolvem: flores, árvores, o trigo do campo, a grama sob seus pés… Isso tudo responde ao toque de Perséfone. E ela também pode criar a luz. Não pense que o Submundo é um lugar escuro e triste. A presença de Perséfone evoca a luz. – A Deusa da Primavera.

A Deusa da Primavera, a Deusa do Submundo, A Rainha do Inferno, onde ela está ela se estabelece e se adapta, ela muda com frequência entre os mundos e não se abala facilmente…
Na mitologia grega, Perséfone é a deusa das ervas, flores, frutos e perfumes. É filha de Zeus e Deméter; tendo nascido após o casamento de seu pai com Métis e antes do casamento com Hera. Criada no Olímpo, Perséfone foi seqüestrada por seu tio Hades, mudando-se para o mundo inferior. Socorrida por seu meio-irmão Hermes, Perséfone passou a morar metade do ano no Olímpo nas estações primavera e verão e outra no mundo dos mortos nas estações de outono e inverno, quando era chamada de Koré pelos demais deuses ctônicos. A ela eram consagrados os chás de plantas como alecrim e sálvia; além das abelhas e do mel.
Perséfone é uma mulher dependente e ao mesmo tempo independente, ela é apegada àqueles que cuidam dela e ela passa por cima de todas as coisas ruins e toma estas coisas ruins como lição para si, para dar amor e ser um apoio àqueles que precisam dela. A partir do momento em que ela teve que viver com Hades por duas estações ela amadureceu, se tornou uma mulher sensata, flexível e compreensiva, e então ela renasce como a menina inocente e despreocupada.
Conhecida por seu amor e sabedoria, ela é a Deusa que inclui, é a Virgem inocente, a que se torna a Mãe e a Anciã cheia de sabedoria.
Os deuses, Hermes, Ares, Apolo e Dioniso, todos cortejaram-na. Deméter rejeitou todos os seus dons e escondeu a filha longe da companhia dos deuses.
Todos os que habitavam em Olimpo foram enfeitiçados por esta menina (Perséfone), rivais no amor a menina casar, e Hermes ofereceu seus dotes para uma noiva. E ele ofereceu a sua vara como dom para decorar seu quarto (como preço da noiva para a mão dela em casamento, mas todas as ofertas foram recusadas por sua mãe Deméter).


“O Rapto de Prosérpina” - Bernini
Representação de Hades raptando Perséfone
Histórias, Mito e Lendas de Coré
O Rapto de Coré
Quando os sinais de sua grande beleza e feminilidade começaram a brilhar, em sua adolescência, chamou a atenção do deus Hades que a pediu em casamento. Zeus, sem sequer consultar Deméter, aquiesceu ao pedido de seu irmão. Hades, impaciente, emergiu da terra e raptou-a enquanto ela colhia flores com as ninfas, entre elas Leucipe e Ciana, junto de suas irmãs Atena e Ártemis. Hades levou-a para seus domínios (o mundo subterrâneo), desposando-a e fazendo dela sua rainha.
Sua mãe, ficando inconsolável, acabou por se descuidar de suas tarefas: as terras tornaram-se estéreis e houve escassez de alimentos, e Perséfone recusou-se a ingerir qualquer alimento e começou a definhar. Ninguém queria lhe contar o que havia acontecido com sua filha, mas Deméter depois de muito procurar finalmente descobriu através de Hécate e Hélio que a jovem deusa havia sido levada para o mundo dos mortos, e junto com Hermes, foi buscá-la no reino de Hades. Como entretanto Perséfone tinha comido seis sementes de romã concluiu-se que não tinha rejeitado inteiramente Hades. Assim, estabeleceu-se um acordo, ela passaria metade do ano junto a seus pais, quando seria Koré (Cora, para os romanos) ou Core, a eterna adolescente, e o restante com Hades, quando se tornaria a sombria Perséfone (Proserpina, para os romanos). Este mito justifica o ciclo anual das colheitas.
A Outra Versão do Rapto de Coré
A moça corre pelos campos verdejantes, parando de vez em quando para colher flores. Despreocupada, ri e brinca, sem desconfiar de que bem perto dali alguém a vigia, de pé numa carruagem, oculto no arvoredo. É Hades, o deus dos mortos e dos mundos subterrâneos, que teve a atenção chamada pelos sinais de sua grande beleza e feminilidade recém-brotados da chegada da adolescência. Esse sinistro personagem, sombrio e inquietante, nunca conseguiu encontrar uma deusa que aceitasse casar-se com ele. Resolveu então lançar seus olhos cobiçosos sobre a alegre moça, Cora, única filha de Deméter, deusa dos trigais e das colheitas.
Ele a espia. Enquanto isso, Cora se aproxima. De repente, com um brutal rangido das rodas, Hades faz a carruagem correr a toda a velocidade e agarra Cora pela cintura levando-a para longe.
Um pastor de ovelhas e um guardador de porcos, que tomavam conta de seus rebanhos na vizinhança, olham assustados quando passa aquele bólido puxado por cavalos negros.
Então, em meio de um barulho terrível, o chão abre-se e engole a carruagem.
Sem ligar aos gritos de pavor da inocente Cora, Hades carrega-a para baixo do solo, para o triste reino dos infernos.
Ao cair da noite, Deméter vê que a filha não volta. A deusa vai ficando cada vez mais preocupada. Sai pelo campo à procura da jovem. O acaso faz que encontre os dois homens que testemunharam tudo.
Eles, aterrorizados, contam-lhe o que aconteceu. Infelizmente esse relato não deixa dúvidas. Deméter reconhece logo o raptor de sua filha e desespera-se, pois não pode imaginar como vencer o implacável Hades, irmão de Zeus (E de Deméter também).
No auge da aflição, Deméter sai vagando pela Terra. Louca de dor, proíbe que o capim, as árvores, os frutos e os cereais cresçam. Dali a poucas semanas, a espécie humana está ameaçada de morrer de fome.
Tanto das cabanas mais pobres quanto dos palácios mais ricos, erguem-se lamentos que dilaceram o coração. Os homens levantam seus punhos em direção aos céus, as mulheres gemem e as crianças choram.
Ao ouvir esses gritos de dor, Zeus inquieta-se e alarma-se. Envia vários deuses para acalmar a dor e a raiva de Deméter e pedir-lhe que faça renascer a vegetação. Mas Deméter está irredutível: nenhuma planta nascerá enquanto Cora não for devolvida. Preocupado, Zeus resolve então mandar seu mensageiro Hermes, rápido e habilidoso, tentar dar um jeito nessa situação difícil.
Hermes ordena a Hades que leve Cora de volta à mãe. Mas, ao mesmo tempo, anuncia a Deméter que sua filha só regressará se, durante a temporada no inferno, não tiver tocado em nenhum alimento dos mortos. Felizmente, desde seu rapto a moça não comeu mesmo nada. Passou o tempo todo chorando e gemendo, assustada pelo lugar apavorante para onde foi levada contra sua vontade. Por mais que fique furioso, Hades tem de ceder diante do mensageiro de Zeus. Manda buscar Cora e, mal disfarçando a decepção, anuncia-lhe:
– Você é infeliz em meu reino, e a sua mãe está com saudades. Vou devolvê-la.
Essas palavras acalmaram tanto o desespero de Cora que suas lágrimas secam. Ela quase dá um beijo no sombrio Hades. Este manda preparar a carruagem de Hermes e ordena que a moça suba. Os cavalos estão quase partindo quando um jardineiro de Hades aproxima-se e, com um sorrido malvado, diz:
– Ainda há pouco, Cora colheu uma romã no pomar e comeu sete grãos. Eu contei!
Então a coitada provou mesmo a comida dos mortos, embora muito pouco.
Cabisbaixa, ela reconhece que o jardineiro diz a verdade. Hades sorri, satisfeito. Sem esperar mais nada, ele também pula na carruagem, indo com o jardineiro, Hermes e Cora a Elêusis, no leste da Grécia, onde mora Deméter. Esta, radiante de felicidade, pode enfim abraçar a filha que julgava perdida para sempre.
Mas sua alegria dura pouco. Hades logo lhe conta o incidente da romã, confirmado pelo testemunho do jardineiro e pela confissão da própria Cora. A notícia descontrola Deméter, que, em sua dor violenta, grita:
– Já que é assim e que eu não vou mais ver minha filha, então vou manter minha maldição sobre a Terra! O solo ficará estéril para sempre!
Em sua sabedoria, Zeus propõe uma solução: durante três meses do ano, Cora viveria debaixo da Terra com o marido, Hades, e então se chamaria Perséfone, “aquela que causa destruição”. Nos outros nove meses, porém, ficaria com a mãe.
A proposta não satisfaz ninguém, mas é aceita por todos.
E é por isso que, na Primavera e no Verão, quando Cora está com Deméter, esta cobre a Terra de uma vegetação luxuriante e verde. No Outono, quando se aproxima a hora da partida, Deméter fica triste, as plantas deixam de crescer, as folhas secam. Mas, quando a filha se transforma na inquietante Perséfone, a deusa, desesperada, amaldiçoa o solo.
E nada cresce durante os três meses que os homens chamam de Inverno.

“Plutão e Prosérpina” de Caetano Lopes de Moura - 1840. Prosérpina é outro nome de Perséfone.
Ilustração de Plutão e Prosérpina
Primeiramente, e se pra ela não foi um sacrifício à decisão de Zeus, de ter que viver com Hades? E se isso se tornou algo que ela queria? Isso traz um significado a mais para o mito, devido ao fato de que ela tomou suas próprias decisões mesmo ainda sendo a Coré, e a partir dessa decisão ela se tornou uma mulher sábia. É a partir de decisões que as pessoas amadurecem e nesse momento de escolha de viver com Hades ela amadureceu, ela mostrou a vontade dela aos demais e arcou com as “consequências”.

Algumas outras lendas de Perséfone
– Sabázio, é um dos filhos que Perséfone teve após se relacionar com uma serpente, que na realidade era Zeus, que se transformou após ficar atraído pela beleza da filha;
– Perséfone é uma grande rival de Afrodite, pois as duas ficam disputando o “título” de mais bela, e também disputaram homens, dente eles, o deus Adônis. Afrodite, para preservar Adônis, o prendeu em um baú e mandou a Perséfone para que ela cuidasse, mas ao chegar às mãos dela, ela abriu o baú e se encantou com sua beleza e se recusou a devolver para Afrodite. Foi então que Zeus decidiu que Adônis ficaria um terço do tempo com Afrodite e outro terço com Perséfone, e os outros dias faria o que ele quisesse;
– Perséfone teve outro filho, chamado Zagreus.
– Perséfone, com Hades, é mãe de Macária, deusa de boa morte.
– Apesar de Perséfone ter vários irmãos por parte de seu pai Zeus, tais como Ares, Hermes, Dionísio, Atena, Hebe, Apolo, entre outros, por parte de sua mãe Deméter, tinha um irmão, Pluto. Tinha também como irmã e irmão, filhos de sua mãe, uma deusa chamada Despina e um eqüino chamado Árion. Despina foi abandonada pela mãe de ambas ao nascer. Por isso ela tinha inveja da deusa do mundo dos mortos, até porque Demeter se excedia em atenções para a rainha. Em resposta, a filha rejeitada destruia tudo que Perséfone e sua mãe amavam, o que resultaria no inverno.
Hera com muita inveja de Perséfone por ter tido um filho com Zeus, ordenou aos titãs para que o destruíssem, e Zagreus ao se transformar em touro para fugir, acabou sendo pego pelos titãs – eles despedaçaram-no e o devoraram.

Atégina. Mármore, Pedro Roque Hidalgo. Museu do Mármore, Vila Viçosa (Portugal), 2008.
Ilustração de Atégina
Perséfone, Prosérpina e Atégina
Nos contos gregos, a Deusa Perséfone é a Rainha do Submundo e Deusa da Primavera, filha de Deméter e Zeus e amante de Hades. Porém, Perséfone é uma personagem que também marca a mitologia romana e lusitana, com sua lenda um pouco modificada e personagens com nomes distintos, porém continua sendo a Rainha do Inferno e a menina inocente ao voltar para os braços da mãe.
Na mitologia romana, Perséfone é então a Deusa Prosérpina ou a Coréia, a Deusa que tinha o poder de tirar a vida dos demais, a Rainha do Inferno e esposa de Plutão.
Filha de Ceres e Júpiter, a Deusa foi raptada por Plutão enquanto estava colhendo flores acompanhada de uma amiga, a Cianéia, uma Ninfa. Ao descobrir que Prosérpina fora raptada, Ceres ficou depressiva, e também como Deméter, viajou todo o mundo à procura de sua filha, porém, Ceres descobriu através de Aretusa – uma ninfa – que Plutão foi o que tirou Prosérpina de seu lar.
Ceres pediu a Júpiter que tomasse alguma providência para que a filha pudesse voltar, e Júpiter proferiu que se a mesma não tivesse comido nada enquanto estivesse no submundo, poderia voltar. Porém, o oficial de Plutão advertiu que vira a Deusa comendo seis sementes de romã e diferentemente de Perséfone, Prosérpina teve de viver eternamente com Plutão, e em outros, ela poderia voltar para passar a Primavera e o Verão com Ceres.
Assim como Zeus, Júpiter se transformou em serpente e amou Prosérpina; tiveram um filho, Sebázio, que foi reconhecido por ter costurado Baco (Deus do Vinho – Dionísio na mitologia Grega) na coxa de seu pai. Como a mesma ainda estava grávida, para que a gestação pudesse continuar, Júpiter costura Baco à sua própria perna para que a gestação pudesse prosseguir e por fim, deu certo!
A imagem de Prosérpina como Deusa Romana é temida, representada sempre ao lado do marido, sentada ao trono de ébano com um facho na mão de onde sai uma chama envolvida por fumaça negra. Se há um ramalhete de narciso em sua mão, é a recordação do dia que ela colhia flores e foi raptada por Plutão.
E por fim, chega a Atégina, a Deusa Lusitana da Primavera, da Fertilidade e do Renascimento, mas que também faz uma viagem ao Submundo, só que, ao em vez de ser raptada, o amor da vida de Atégina foi morto por um javali e para reencontrar seu parceiro, Atégina foi ao submundo e seu amor agora era o Deus do Mundo dos Mortos, Enobólico. E, como Perséfone, a Deusa Atégina desce ao Submundo no Equinócio de Outono, mas no Equinócio de Primavera ela volta ao mundo para ver a vida, o sol e a natureza.

 Epítetos de Perséfone
Os nomes de Perséfone também tem seus significados, por exemplo, antes de ser raptada por Hades, ela chamava-se Coré ou Koré, o que significa “Moça Virgem”, mas Perséfone, foi o nome atribuído a Deusa a partir do momento que iniciou sua morada com Hades, é um nome infernal, cujo significado é “Aquela que destrói a luz”.
  • Despoina: Senhora
  • Karpophoros: Frutífera
  • Ctonica: Do Submundo
  • Leptynis: Destruidora
  • Megala Thea: Grande Deusa
  • Prôtogonê: Primogênita
  • Sôteira: Salvadora
  • Hagne: Sagrada
  • Daeira: Sábia
  • Praxidikê: Executora da Justiça
  • Epaine: Temível
Com epítetos é necessário criar rituais, criar até mesmo encantamentos, utilizando palavras “secretas” e objetivas, tornando-as palavras de poder.

Carta do Tarot Mitológico, Perséfone aparece como A Sacerdotisa (note que ela está dentro do Submundo e lá fora estão os campos em plena Primavera.
Carta do Tarot Mitológico, Perséfone aparece como A Sacerdotisa, onde ela está dentro do Submundo e lá fora estão os campos em plena Primavera.
A Imagem de Perséfone: Tarot, Astrologia e Simbologias
A primeira e mais marcante característica de Perséfone é a sua inocência, que pode ser facilmente comparada com a face da Deusa, a Donzela, a Virgem. Ela tem dois aspectos já que ela vive entre dois mundos e duas fases da vida e apesar de seus dois aspectos ela é a representação do ciclo da vida: “Se Perséfone passa a estação estéril do inverno no Inferno, ela certamente voltará como a donzela virginal na primavera”.
Inicialmente, Perséfone é a menina que é brutalmente arrancada da sua adolescência, dos braços da mãe, do prazer de ser adolescente, para enfrentar as responsabilidades de uma mulher; apesar disso, ela se adapta à situação, ela é flexível, e em decorrência disso, é denominada de “A Deusa das Mil Faces”.
Então passamos para a fase de mulher de Perséfone. Essa transição, ocorre a partir do momento que ela come as sementes da romã, e posteriormente quando toma a decisão de estar ao lado de Hades, o que a faz perder sua inocência, tornando-se então aquela que conhece o obscuro e o oculto, mas que continua amorosa, sempre guiando os vivos ao voltar para a terra, e sempre tranquilizando e ajudando as almas pelos seus caminhos.
Aí então podemos ver a Deusa regida pela lua, ela é mística, tem a conexão com o espiritual; a partir do momento em que ela serve de apoio para as almas no Submundo, ela se torna uma guardiã dos segredos e se torna a Papisa, a Alta Sacerdotisa. Como uma mulher regida pela lua, ela está em sincronia com os seus ciclos menstruais e sempre realiza experiências místicas, está ligada à sua alma, à sua intuição e à magia.
Do tarot à astrologia, a Deusa Perséfone é a personificação do signo de Virgem. Este signo é o da compaixão, do amor, do cuidado. Coré era conhecida pela sua pureza e inocência, característica marcante dos virginianos. E acima de tudo, Virgem, tem a mesma facilidade de adaptação que Perséfone.
Então é isso, compreendendo Perséfone da cabeça aos pés, é possível interagir com essa Deusa tão íntima do nosso interior.

O Retorno de Perséfone, Frederic Leighton, 1891.
Ilustração do retorno de Perséfone
O Culto
Entre muitos rituais atribuídos à entidade, cita-se que ninguém poderia morrer sem que a rainha do mundo dos mortos lhe cortasse o fio de cabelo que o ligava à vida. Ela presidia aos funerais. Os amigos ou parentes do morto cortavam os cabelos e os jogavam numa fogueira em honra à deusa infernal. A ela, eram imolados cães, e os gregos acreditavam que Perséfone fazia reencontrar objetos perdidos.

Feitiços e Rituais Cotidianos com Perséfone
Assim como existem tipos de feitiços para cada fase da lua, há também feitiços e rituais para cada fase de Perséfone. Mas apesar disso, a maioria dos feitiços da Deusa, remetem aos sentimentos.
A primeira fase de Perséfone é aquela onde procuramos colocar em prática rituais que tenham a ver com o amor, a beleza, juventude, com o suavizar de nossa vida. Podemos fazer rituais para esquecer o passado, para viver intensamente e para a colheita de bons frutos em nossas vidas.

Feitiço Para o Amor Perdido da Deusa da Primavera

O interessante deste feitiço (que também pode ser considerado um ritual) é que ele não traz nenhum tipo de prejuízo caso aconteça algum erro.
Espere à tarde, quase no pôr do sol. Nem muito sol, nem muita sombra. Invoque Perséfone.
Dentro do seu caldeirão, acenda uma vela (qualquer cor).
Envolva-se num véu (também de qualquer cor).
Sem afobamento, diga o que sente, seus temores e suas expectativas. Pergunte o que deve fazer
Coloque pétalas de flores ao redor da vela, ervas relacionadas ao amor (exemplo: manjerona), pequeninos pedaços de carvão e ateie fogo (sim, com a vela lá dentro). Espere terminar de queimar.
Observe as cinzas e como ficou a vela:
1 – Resistiu demais para queimar e quase não queimou nada = ainda dá para tentar outra vez, mas cuidado com suas atitudes exageradas.
2 – As coisas queimaram bastante e sobrou pouco: Pode ser que não tenha mais jeito. Fique na sua e espere. Caso passe o período de 2 lunações completas, desista de vez.
3 – O fogo queimou tudo e das cinzas que sobraram, não há nada reconhecível = esquece, já era, acabou. Faça um buquê de flores, ENTERRE em nome à Deusa da Primavera (Perséfone) e vá embora. Evite voltar ao local. Isto servirá para te ajudar a esquecer do amor perdido.
 
Ritual para Visão ou Sonhos Premonitórios de Perséfone

Você irá precisar de:
- Seu espelho consagrado;
- Um local onde haja terra;
- Luar limpo, sem nuvens;
- Chá de anis estrelado
Deite seu espelho na terra, refletindo a luz da lua, invoque a deusa Perséfone.
Tome uns bons goles de chá de anis estrelado e aguarde. Sem baixar a cabeça, apenas os olhos, (jamais entre na conexão entre o espelho e a lua) olhe para o reflexo no espelho. Se estiver vendo você mesmo é porque está fazendo errado, se arrume novamente, o espelho deve mostrar a lua.
Observe atentamente.
O chá não é alucinógeno, apenas aguça sua percepção.
Continue olhando para o espelho.. em breve verá formas ou cenas. Com certeza logo sua cabeça vai doer. Retire tudo e anote o que você viu. Será útil no futuro.
Se sua cabeça começar a doer e você ainda não tiver visto nada, esqueça e tente outro dia. Pode ser também,  quando não se vê nada na hora, que terá um sonho premonitório.

Deméter e Perséfone, Triptolemus criança (baixo-relevo de Eleusis, Atenas).
Deméter e Perséfone, Triptolemus criança
Dicas Para Feitiços e Rituais de Perséfone
Como é difícil encontrar rituais “diferentes” do que estão na internet, aqui há dicas e práticas para o contato com Perséfone no dia a dia.
  • Perséfone é a Deusa da Primavera, é sempre bom cultivar um jardim dedicado ou não a ela, e peça para que ela ajude você a cuidar desse lugar especial. Se quiser plantar algo dedicado à ela, semeie ervas relacionadas ao amor ou ao misticismo.
  • Ter amor ao próximo, altruísmo e sensibilidade é uma atitude nobre – e sem dúvida alguma – sempre praticada por Perséfone, ela ajuda àqueles que a pedem ajuda, às almas dos vivos e mortos;
  • Viver no presente, viver a vida com alegria, mesmo que for uma pessoa de mais idade, desfrute de cada experiência e lição da vida para mudar e agir sempre com a alegria e inocência de Coré, mas com a sabedoria de Perséfone. Não importa a sua idade, se você tem deixado de aproveitar cada segundo da sua vida ou tem vivido de cara fechada, nunca é tarde demais para mudar. Perséfone, apesar de ter sido raptada, tirada de sua juventude (alguns contos relatam até que fora estuprada), ela passou por cima disso tudo… então por mais que você pense que a sua vida está mal, e mesmo se ela estiver, passe por cima, será melhor para você e para todos, mas pense em si mesmo e deixa de lado o que estiver ruim;
  • Primavera indica a natureza desabrochando, Perséfone é a Deusa da Primavera, e bruxaria tem tudo a ver com natureza… cultive e se aproxima da natureza. Observe e cultue.
E assim, como para qualquer Deus(a) que te abençoe, acenda a esta Deusa uma vela de vez em quando, converse com ela.

Exercícios Meditativos com Perséfone
É preciso entender que depende de você mesmo entrar em sintonia com Perséfone pois a magia vem de dentro da gente e a concentração na meditação é o que fará a diferença.
Você irá precisar de:
  • Uma vela preta.
  • Um copo de água
Antes de mais nada, é necessário estar em um quarto ou o seu jardim ou qualquer lugar onde você não seja interrompido e que você tenha tempo, e não tenha pressa de terminar.
Primeiramente temos que abrir o círculo, dentro dele você irá colocar a vela, a água e o abrirá em torno de você. Então você irá acender a vela – à sua frente – mentalizando a imagem, o nome, as características de Perséfone e irá colocar o copo de água ao lado da vela.
Após, sente-se em uma posição confortável, em posição de lótus ou meia lótus é legal, pois a energia flui melhor pelos chakras e pelo corpo.
Posição da lótus
Posições meditativas
Primeiramente, você irá prestar atenção na sua respiração, se concentrar em limpar a mente. Há várias maneiras: você pode prestar atenção no movimento da respiração pelo nariz, ou concentrar-se no tórax. Você tem que aprender a meditar e saber qual é a melhor técnica para você, por exemplo, uma das maneiras é prestar atenção no ar que entra e sai pelo meu nariz.
Após alguns minutos, você irá se sentir mais relaxado, mais limpo e a mente estará mais saudável e aberta para a energia de Perséfone.
Então, você irá começar a prestar atenção na chama da vela, ficar ali, olhando a vela, relaxando, pegando a energia da vela para você. A vela estará emanando a energia de Perséfone, e então você pegará a energia da vela para si.
Fique o tempo que for necessário, o tempo que você sentir que você está bem calmo, sentindo uma energia diferente, a energia da Deusa. Que tipo de energia é essa? É uma energia de renovação, de beleza, de atitudes, cura? Se você ainda não sentiu ou distinguiu, persista, concentre-se na energia emanando da vela.
Então feche os olhos e pensa que de onde você está, você começa a descer, descer, descer por um buraco negro, mas que no final tem uma luz escura. Você chega a um jardim, é um jardim cheio de romãs e ervas relaxantes e místicas. Você vê de longe uma linda mulher, com um vestido escuro, que olha para você, chamando-lhe com seu olhar.
Você se aproxima dela e ela abre seus braços, você a abraça de volta, ela acaricia seu cabelo e você primeiramente agradece a ela por lhe receber. Depois você começa a contá-la o que quer, você quer beleza? Por quê? Você quer cura, quer somente conversar? Quer apoio? Quer um colo? Você quer coragem, inocência, sensualidade? Justiça? Tudo que se refere à Deusa Coré ou Perséfone, você pode lhe pedir.
Depois de falar tudo e de sentir o carinho dela para com você, você irá agradecê-la novamente e irá percorrer seu jardim, colher algumas flores, e oferecer a Perséfone como agradecimento.
Então, você irá sentir como se estivesse subindo, subindo até onde você estava antes de partir. Você irá abrir os olhos aos poucos, com calma, e poderá beber a água. Agradeça novamente a Perséfone e desfaça o círculo.

“Persephone” por Kris Waldherr.
Ilustação de Perséfone
Mabon e Perséfone
Mabon é o Sabbat da Colheita, entre Lammas e Mabon ocorre o período da colheita dos grãos e então a colheita das frutas e flores. E Perséfone, é a Deusa da colheita das flores, dos frutos, e das ervas em geral, já que a sua mãe Deméter é a Deusa da Agricultura, e Perséfone herdou os dons de sua mãe.
No equinócio de Outono, muitos seguidores da Wicca realizam rituais para a volta da Perséfone ao submundo, já que nas estações de Primavera e Verão ela volta à sua mãe Deméter, e entre o Outono e o Inverno ela permanece com Hades.
A data também é muito especial devido ao fato de que a Deusa Perséfone é voltada para o interior, para o oculto. Muitos acreditam que o oculto é sempre algo “ruim”, mas na realidade é o oculto interior, aquilo que temos medo, mas também aquilo que nos faz bem, são nossos pensamentos, sentimentos e segredos que estão lá no fundinho da gente. Voltar-se para o interior é uma prática mística e especial, e quando você planta algo em seu interior, em sua vida, você a colhe, e esse é o espírito de Mabon, é a colheita daquilo que antes nós fizemos  para arrumar o nosso jardim, tiramos as ervas daninhas, plantamos algo, e colhemos esse algo. A Bruxaria dita o bem, e quando celebramos os Sabbats, estamos plantando um bem maior dentro de nós, na nossa vida ou na dos demais e então praticamos a colheita. Interagir com o nosso eu espiritual é importante para nos desenvolvermos.
Aqui vou colocar algumas práticas para Mabon que remetem a Perséfone:
– Uma atividade muito legal para honrar a Deusa e abençoar a sua volta ao submundo é fazer, cozinhar, comer pratos que contenham romã.
– Fazer pequenas reflexões ao longo do dia a respeito do nosso interior e observarmos tudo aquilo que estamos colhendo (bom ou ruim, tudo é uma lição em nossas vidas) e também refletir: O que plantarei no próximo período fértil da minha vida? O que eu quero colher? O que eu posso mudar no meu jardim ou até mesmo arrancar dele para que eu possa plantar coisas boas em minha vida?
– Agradecer. Agradecer é bom em todos os momentos. Perséfone é uma Deusa amorosa, ou seja, o amor é agradecer, é reconhecer os atos dos demais em nossas vidas.
– E como a Deusa Perséfone é a Deusa da colheita das flores e frutos, invista na plantação e colheita de ervas em sua casa. Conversar com as plantas e cuidar delas é a atividade perfeita para quem quer celebrar Mabon e ao mesmo tempo abençoar a volta de Perséfone, ou até mesmo, apenas a invocá-la.

Em Terracotta, busto de Perséfone no Museu Arqueológico de Aidone.
Ilustração do busto de Perséfone
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