quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A Deusa Cerridwen

Cerridwen, também conhecida como Kerridwen, é a Deusa da Transmutação. Uma feiticeira anciã. Guardiã da magia. Vem da mitologia galesa e celta, e representa a deusa tríplice, representa a mudança de forma e as fases da lua. Seu poder, muito ligado principalmente à lua, possui a capacidade de mudar o que for preciso, é capaz de criar o que sentir necessidade, e transformar qualquer energia. É plena em sua sabedoria.


A deusa sempre aparece como uma grande feiticeira que trabalha sempre em seu caldeirão, seu principal símbolo e fonte de poder.
Cerridwen vivia no meio do lago Bala, no Norte do País de Gales, junto com seu marido Tegid Foel e dois filhos gêmeos, a filha Creirwy (cujo nome significava luz, beleza) e o filho Morfran (“o corvo”). Enquanto a moça era de cor clara, alegre e dotada de uma beleza estonteante, o rapaz era deformado, feio, mal-humorado, com pele escura e corpo peludo. Os irmãos eram evidentes representantes das polaridades: luz e sombra, dia e noite, verão e inverno, céu e mundo subterrâneo.. uma mãe faria de tudo para ver seus filhos felizes, e assim Cerridwen teve a ideia de criar uma poção que fizesse seu filho feio ter algo tão bom quanto a beleza do irmão. A poção devia ferver e ser misturada sem parar durante um ano e um dia, condensada finalmente para três gotas que continham a sabedoria do mundo, o resíduo sendo apenas veneno. Uma poção que daria toda inspiração e inteligência. Tornaria-o brilhante! Cerridwen mandou seu assistente tomar conta da poção e não bebê-la, pois deveria ser dada completamente ao filho. Sem perceber, o assistente esbarrou no caldeirão e assim algumas gotas voaram em sua mão. Sem lembrar do aviso, lambeu as gotas… e assim, subitamente, ganhou grande sabedoria e o poder de transmutar-se. Assustado, ele fugiu. Cerridwen descobriu e caçou-o. O assistente mudou de formas dezenas de vezes, e ainda assim ela o perseguiu, até que ele tornou-se um salmão e ela o comeu. Se era poderosa antes, depois tornou-se ainda mais. Foi imortalizada nos cantos de outras anciãs.
Cerridwen ensina sobre as responsabilidades da magia, da feitiçaria. Sobre buscar, criar e transformar. E se errar, consertar. Você é único com a magia, e com ela deve aprender sempre.
A lua, o salmão, as águas e a noite são seus símbolos. O caldeirão, porém, é o mais forte dos símbolos. O simples fato de aproximar-se e sentir a energia do caldeirão é capaz de ligar-te com a deusa. Todo instrumento mágico e as ervas são meios fáceis de chegar até ela, pois imagine você, que tudo isso são coisas queridas dela, que também é uma bruxa.
É uma deusa anciã, mas também representa bem a mãe, por ter tido dois filhos e a donzela faceira, que foi quando iniciou-se sua jornada como feiticeira. Sem dizer que muda quando necessário, sendo sempre imprevisível, agindo conforme a roda da vida. Pode ser celebrada em todas as luas, mas a lua cheia e nova são as duas mais fortes, a cheia por representar a magia plena e a nova por representar a anciã.
Cerridwen é associada com a Lua, os dons de inspiração, a poesia, as profecias, a habilidade da metamorfose, o ciclo de vida e morte, sendo a guardiã da sabedoria e do conhecimento, a fertilidade, regeneração, magia, astrologia, ervas, encantamentos. É ao mesmo tempo Deusa parteira e protetora dos mortos, pois o mesmo poder que conduz os corpos para a morte traz a vida. No seu ventre gera-se a vida, mas a vida antecede a morte. Seu aspecto de Anciã representa o conhecimento de todos os mistérios que só a idade e a experiência podem proporcionar. Cerridwen é ao mesmo tempo uma Deusa do caos e da paz, do início e do fim, da harmonia e da desarmonia. Ela é a Deusa que devemos reverenciar nos momentos de dificuldades e para a transmutação dos desafios e malefícios.
A aparição de Cerridwen na vida de alguém (em sonhos, presságios ou visões) prenuncia situações de morte e renascimento, algo deve morrer e deve ser deixado para trás, para que o novo possa renascer; a matéria não pode ser criada ou destruída, mas é sujeita a transformações.

Celebrando Cerridwen

  • Apresentando-se da Deusa: Este ritual é obrigatório para ter o primeiro contato com Cerridwen. Numa noite de segunda-feira de Lua Nova onde você sinta a energia da lua, certifique-se que você estará num local onde tem certeza de não ser atrapalhada. Você irá aproximar-se dessa deusa, então a primeira coisa que deve fazer é pegar seu cadeirão.
    Encha esse caldeirão de água e coloque algumas ervas. A escolha das ervas é sua, vai da sua intuição, que deve ser extremamente valorizada nesse momento. Dê prioridade para aquelas ervas que você acha que precisa no momento.
    E
    steja num local de onde possa ver a lua. Perto de você, acenda incensos, velas e coloque cristais (nada que anule o efeito um do outro). Agora fique de frente ao seu caldeirão, sentado ou de pé, você que sabe. Estenda sua mão sobre o caldeirão e comece a mexer a água – com a mão mesmo ou com uma colher de pau. Conforme mexe, chame Cerridwen.
Mulher sábia, anciã, mãe e mestra,
Você diminui a escuridão do céu e parteja o nascer do sol,
Possuidora de energia e sabedoria,
Criadora do movimento e do significado,
Dai-me da sua força, ensine-me sua sabedoria.
No seu grande caldeirão Awen,
Eu experimento sua magia e conheço seu poder,
Eu transformo minha forma e aprendo com seu conhecimento.
Assim, eu começo a minha busca e ouço a sua inspiração,
Para um novo começo, o fim e a inevitável morte,
Meu renascimento sendo guiado por você, Grande Cerridwen!
Eu lhe dou a vida e lhe dou também a morte,
Fases que fazem parte de tudo o que vivencia ao longo da espiral,
O caminho espiralado é a própria existência,
Sempre seguindo, sempre crescendo e mudando,
Nada morre que não renascerá, nada existe que não vá morrer.
Quando você vem a mim, eu lhe dou as boas vindas,
E depois a recebo no meu ventre, o caldeirão da transmutação,
Onde você será mexida e virada, fervida e triturada,
Derretida e amassada, reconstituída e reciclada.
Você sempre voltará a mim e seguirá o seu ciclo, renovada.
Morte e vida são apenas pontos de transição
Ao longo da Senda Eterna e Espiralada!
Agora, nesse momento, pense no motivo que te fez chegar até aqui. Foi por que sentiu afinidade a primeira vista? Foi por que sentiu um fascínio inexplicável em relação à ela? Não importa… quem vai julgar se vai ou não se aproximar-se de você é Cerridwen. Feche os olhos e confie nela. Diga o que veio fazer. Diga seu interesse na magia. Fale sobre o que sente. Fale o que sente ou pensa em relação a ela. Este é um ritual de aproximação da deusa, então não peça nada a ela.
A partir daqui, vai depender de você e da resposta dela. Pode ser que você acabe tendo uma visão, pode sentir algo “muito diferente”. Não tem como prever. A resposta ainda pode vir no dia seguinte, de forma inesperada.
Você vai saber a hora de terminar, que deve acontecer quando você se sentir cansado.
Toque o caldeirão e agradeça Cerridwen por este momento. Peça sua bênção, apenas.
Encerre.
A partir desse momento, e em cerca de 1 semana, você vai perceber algumas coisas como aumento na sua vidência, mais facilidade para aceitar algumas coisas mais difíceis, vai conseguir converter a magia dentro de si mesmo em realidade. Uns sentirão mais do que outros. E se você não perceber nada mesmo, então talvez a energia de Cerridwen não tenha muito a ver com você, ou você é extremamente crítico e não consegue perceber mudanças sutis.
Passado esse tempo, vá até seu altar, coloque ervas dentro do caldeirão e uma vela. Tenha percebido ou não as mudanças, apenas agradeça. Diga o que achar necessário.
Você que sentiu as mudanças, passe a buscar maior contato com a deusa em seus rituais, invocando-a, agradecendo, criando poesia, estudando. Traga a energia dela para si sempre que puder.
Sempre que precisa aproximar-se, conversar com a deusa, e quiser usar esse ritual, fique à vontade.
  • Meditação Com Cerridwen Para Revigoramento: Numa Segunda-feira de Lua Cheia, sente-se ou deite-se confortavelmente, com a coluna reta. Feche os olhos. Inspire profundamente e expire lentamente, contando até dez. Inspire outra vez e novamente expire contando até dez. Faça uma terceira inspiração profunda e, enquanto solta o ar, visualize e sinta um túnel. Pode ser um túnel que você conheça ou um túnel que você imagine. Fique em pé do lado de fora do túnel e passe os dedos pela superfície da entrada. Sinta o cheiro. Entre no túnel. Lá dentro está quente e confortável, ele é bem iluminado e agradável. Você vai descendo, descendo cada vez mais fundo. Descendo, descendo, sinta-se relaxado, confortável, até chegar ao final do túnel. Há luz no fim do túnel, a luz do Além. Você passa para o Além e é recebida por Cerridwen. Ela pega você pela mão e a leva até seu caldeirão. Ele é gigantesco e preto. Cerridwen mexe o conteúdo do caldeirão e pede que você ponha ali tudo o que precisa ser transformado e abandonado, tudo que precisa morrer. Você põe tudo de negativo que carrega consigo no caldeirão e mexe. Cerridwen agita o caldeirão.
    Cerridwen para de agitar o caldeirão, deixa de lado seu bastão e coloca as mãos dentro dele. Ela tira o que você jogou lá dentro, que coloca na sua frente. O que você jogou foi transformado no que é preciso. Você agradece a Cerridwen e ela lhe pede um presente, que você dá de boa vontade. Pronta para voltar, você entra no túnel levando consigo o que foi transformado dentro do caldeirão de Cerridwen. Agora você está subindo, subindo, subindo, sentindo-se revigorada, energizada. Continue a subir até chegar à entrada do túnel. Você sai do túnel e respira profundamente. Ao expirar lentamente, você volta ao corpo. Respire fundo mais uma vez e, quando estiver pronta, abra os olhos.
  • Oração à Deusa
    Venerada seja hoje e sempre amada Cerridwen...
    Honro-te neste e nos demais dias, pedindo tuas bençãos mágicas...
    Deixa-me beber de teu caldeirão Grande Deusa, concede-me tal privilégio...
    Nas tuas poções sei que meus caminhos se abrem...
    Nas tuas lições sei que meus caminhos prosperam...
    Nos teus encantos sei que meus caminhos se glorificam...
    Hoje lhe saúdo, Cerridwen, e lhe peço humildemente que cuide desta tua aprendiz...
    Que como a mãe devotada que foste, me seja também o colo e o ombro nas horas de precisão...
    Saudada seja hoje em teu dia e nos demais, guia-me, Deusa do Renascimento, ao meu renascer dia após dia!

    Que Assim Seja, Assim se Faça!

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